terça-feira, 28 de maio de 2013

Nossa caminhada

Ólá, amigos!
Hoje vim compartilhar com vocês como foi o desenvolvimento da Duda de 1 ano de idade até a idade atual, 3 anos e 11 meses. 
Como eu já relatei no texto anterior, o fato dela não se comunicar de nenhuma maneira era o que mais me preocupava. Com 1 ano e meio ela começou a frequentar a creche japonesa. 
 Eu deixava ela às 7:30 da manhã e a pegava assim que saía do trabalho, às 18:30. Ela não estranhava ninguém mas também não fazia questão de se socializar com as outras crianças. Com mais ou menos 6 meses frequentando a creche, uma das professoras responsáveis pela classe da Duda me chamou pra ter uma conversa e me fazer algumas perguntas sobre o comportamento dela no dia a dia . 
 A professora achava muito estranho o fato da Duda não tirar o cochilo da tarde, como todas as outras crianças faziam. Eles acordavam muito cedo e brincavam muito, e esse descanso na parte da tarde era essencial. Mas não pra Duda. Enquanto todas as crianças dormiam, Duda ficava perambulando pela sala procurando algo pra fazer, mexer. 
 Outro ponto importante era que ela não atendia ao ser chamada. Mesmo que a professora fizesse isso ajoelhada em sua frente, Duda não tinha reação nenhuma e nem olhava diretamente nos olhos. É como se a professora fosse invisível. Foi aí que veio o alerta dela não escutar, de poder ter alguma deficiência no aparelho auditivo. 
 Marquei o exame completo. Feito. Resultado, nenhuma anormalidade. Menos uma preocupação? Não. Mais uma. 
 À partir dos 2 aninhos, Duda chegava na creche e procurava um local apertado pra se esconder, que era quase sempre entre a sapateira e o armário, e, se deixassem, ali ela permanecia o tempo todo. Só saía se algo chamasse sua atenção. E acreditem, mesmo com todo esse comportamento autista eu não desconfiei que pudesse ser autismo, não por preconceito, mas, por pura ignorância. Aí você para e pensa na importância de se informar sobre todo assunto que envolve comportamento infantil quando se é mãe. 
 Os meses passavam e eu não notava nenhuma evolução. Duda evitava usar os talheres durante as refeições, ela conseguia segurar mas não fazia, comia tudo com as mãos. Mas, a parte boa era que nessa fase ela ainda comia qualquer alimento que eu colocasse no prato. 
 Com 2 anos e meio ela começou a ser seletiva na hora de comer. Olhava, apalpava, cheirava. Não comia de tudo e muitas vezes passava o dia todo sem se alimentar direito. 
 O pai sempre falava: "Pode ser frescura dela, a hora que ela tiver fome ela vai comer qualquer coisa que você oferecer." Certo? Errado. Autistas são mesmo seletivos na hora da alimentação, e se não tiver do jeito que eles gostam, eles ficam com fome mas NÃO comem nada. Não me refiro exclusivamente ao sabor do alimento, mas, no caso da Duda, é mais no formato e consistência. Um exemplo, se eu costumo fazer sempre batatas cortadas em quadrados médios e um dia resolver cortá-las em rodelas, ela não come. Tem que ser quadrado sempre. Atualmente ela tem arriscado provar algumas coisas diferentes. Está aceitando melhor as novidades depois que entrou na escolinha. 
 Quase chegando nos 3 aninhos de vida e nenhuma palavra dita. Duda só falava palavras estranhas e repetia sempre a mesma coisa. 
 Passado um pouquinho dos 3 anos, Duda começou a repetir algumas palavras quando assistia o desenho do Bob Esponja. Aquele jeito que o Bob tem de chamar o Patrick, ela repetia igualzinho. Chamava o Patrick e o Gary caracol o dia todo. Era como se ela vivesse dentro de um desenho animado do Bob Esponja. 
Outro ponto importante foi que ela, até então, não pedia nada. Era muito difícil entender o que ela queria quando ficava nervosa. Quando tinha sede, fome ou sentia dor. Não fazia nenhum sinal mostrando que queria algo, só ficava nervosa. 
 A primeira vez que ela quis me mostrar que estava com a barriga doendo, ela levantava a camiseta e puxava meu cabelo me fazendo beijar a barriga. Com aquele gesto de "se a mamãe beijar, sara". Levei no pediatra e ela estava mesmo.Tomou o remédio e algumas horas depois já estava bem novamente. 
 Duda seguiu com esse comportamento sem comunicação verbal e corporal  até mais ou menos 3 anos e 9 meses. Foi muito difícil mesmo lidar com ela e adivinhar tudo o que ela queria. 
 Nós tivemos o diagnóstico de autismo com 3 anos e 6 meses de idade, e, à partir daí já iniciamos todo o acompanhamento psicológico e psiquiátrico necessário. E toda a evolução só começou a acontecer depois que ela começou a frequentar diariamente a escolinha para crianças especiais. Que praticamente, funciona como uma terapia diária. 
 Mas, o ponto mais importante pra que tudo isso realmente funcione é a aceitação e o apoio da família. Eu mudei muitas coisas na minha rotina pra deixar o mais parecido possível com a rotina da escola (sobre esse ponto da rotina eu falarei mais pra frente).
 Aceitar o autismo é a receita pra que tudo dê certo. Olhares diferentes pro seu filho, comentários maldosos e coisas do tipo vão acontecer e você precisa ser forte o suficiente pra enfrentar isso (até com um soco se necessário for hahaha!). Mas de uma coisa você pode ter certeza, a sociedade vai tratar seu filho da mesma maneira que você tratar. Se você transmitir preconceito, por menor que seja, qualquer pessoa que se aproximar vai ter a mesma reação negativa. Pense nisso!
 Amor, carinho e paciência sempre!
 

2 comentários:

  1. Olá Vanessa,

    Conheci o seu blog através de amigas em comum..e estou adorando os textos e ensinamentos..parabéns pelo cuidado e aprendizado diário!

    bjs

    Elo

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    Respostas
    1. Olá, Elo! Muito obrigada! Seja sempre bem vinda!
      Beijos!

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